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Livro: Não me abandone jamais
 Autor (a): Kazuo Ishiguro
Editora: Companhia das Letras / Gênero: Ficção
Páginas: 344 / Ano: 2016
Skoob / Amazon / Submarino

         Oi pessoal, tudo bem? Hoje o livro que trago para resenha aqui no blog, foi ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2017 – Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro, publicado pela editora Companhia das Letras. A edição está lindíssima, a borda das páginas tem uma cor prateada brilhante e a capa é muito instigante, para mim claramente carregando um teor de mistério (mistério este que vai envolver o leitor durante toda a leitura da narrativa).

Esse foi o meu primeiro contato com um livro do Kazuo. Ainda não tinha lido nada dele, e receber este livro da editora Companhia das Letras foi o pretexto perfeito para conhecê-lo. Confesso que quase desisti da leitura. Eu já tinha percorrido umas boas 60 páginas e ainda não tinha me envolvido com os personagens. Talvez por não estar familiarizada, achei a escrita de Kazuo morosa e lenta, apesar de ser um livro muito bem escrito. Resolvi fechar o livro, convicta de que não o pegaria mais. Fechei, mas ainda deixei ele em cima da mesa, visível. Pensei: “Poxa, um livro que ganhou o Nobel, não é possível que ele não esteja me prendendo. Eu preciso continuar, preciso ir com isso até o fim para tirar uma conclusão”. Então peguei ele novamente e não parei até chegar a última página.


        Não vou ser hipócrita aqui e dizer que foi o livro que mais amei na vida. Mas depois que eu insisti, percebi a beleza sutil nas linhas, o mistério que envolve o leitor até as últimas páginas, a aflição pela descoberta dos personagens do que realmente eram suas vidas e isso me prendeu mais na leitura.

        O livro traz três personagens principais – Kathy, Tommy e Ruth, mas é narrado apenas sob a perspectiva de Kathy, em primeira pessoa. Os três são amigos desde a infância e vivem suas vidas dentro de um colégio chamado Hailsham. Eles não têm pais. Têm apenas guardiões que servem também como professores, e não vivem outra vida a não ser aquela apresentada ali, em Hailsham. Eles não são “prisioneiros” por assim dizer, mas parecem não questionar o rumo que suas vidas levam.

        O autor vai desenrolando os fatos muito devagar, criando uma áurea de mistério enorme em relação ao que é esse colégio, o que realmente as crianças que estudam nele são e para quê servirão. Esse mistério foi o que me deixou mais presa a narrativa, porque eu ficava aflita a cada virar de página, querendo entender mais o que estava acontecendo, que rumo tomaria a narrativa.

        Os personagens serem demasiadamente ingênuos também me deixou angustiada. Eu sentia vontade de sacudi-los, de abrir seus olhos, mostrar que não precisava ser assim, mas acredito que o autor criou essa tensão de propósito, para deixar o leitor se questionando das atrocidades que a humanidade é capaz de realizar em benefício próprio.
Kathy é uma personagem sensível e forte, apesar de ser pouco questionadora. Ela me deixava com vontade de gritar, de lutar por ela, de abraçá-la. Tommy também foi um outro personagem pelo qual me apaixonei e Ruth, apesar de seus problemas, mostrava talvez o lado mais “humano” dos três.

        Não vou contar muito do enredo para não dar algum spoiler, porque o mistério que envolve a vida dos três foi o que me motivou a continuar com a leitura. No final, acabei apreciando bastante a obra, mas não consegui dar cinco estrelas por conta de não ter me envolvido de imediato, o livro foi me conquistando gradativamente.

        
       Não tirava da cabeça conforme ia avançando na leitura aquele filme A Ilha (com Ewan McGregor e Scarlett Johansson), achei o enredo bastante parecido. Depois descobri que tem um filme deste livro mesmo, “Não me abandone jamais”, e que vou assistir para ver de uma outra perspectiva. Convido a vocês a conhecerem essa obra, afinal não é para muitos ganhar um prêmio Nobel, e conhecer Kazuo. Eu não vou desistir desse autor, quero ler mais livros dele, porque apesar das dificuldades que encontrei no avanço da leitura no começo do livro, achei que ele escreve muito bem! E a sensibilidade com que é tratado o tema misterioso principal já vale a leitura como reflexão: para onde está caminhando verdadeiramente o que chamamos de “humanidade”?

Filme: A Ilha, (com Ewan McGregor e Scarlett Johansson).

No futuro existe uma entidade utópica baseada na vida do século XX!, que procura recriá-la nos mínimos detalhes. Lincoln Six Echo (Ewan McGregor) vive nesta realidade e, como todos seus residentes, sonha em chegar em um local chamado "a ilha", o único ponto não contaminado do planeta. Após descobrir que todos os habitantes são clones, que possuem a única finalidade de fornecer partes de seu corpo para seres humanos reais, Lincoln decide escapar juntamente com Jordan Two Delta (Scarlett Johansson).


Filme: Não me abandone jamais (com Carey MulliganAndrew GarfieldKeira Knightley).

Ruth (Keira Knightley), Tommy (Andrew Garfield) e Kathy (Carey Mulligan) cresceram juntos em um internato cheio de disciplinas rígidas nas questões da alimentação e na manutenção do corpo saudável. Criados, praticamente, sem contato com o mundo exterior na misteriosa escola, os três sempre foram muito unidos, mas uma revelação surpreendente sobre doação de órgãos e o objetivo de suas vidas pode mudar o rumo da história. Ainda mais pelo clima de romance entre Ruth (Keira) e Tommy (Andrew) incomodar cada vez mais Kathy (Carey).


Cenas do filme: Não me abandone jamais





Trailer: Não me abandone jamais


Sinopse:
Kathy H. tem 31 anos e está prestes a encerrar sua carreira de "cuidadora". Enquanto isso, ela relembra o tempo que passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande ênfase às atividades artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com bosques, um lago povoado de marrecos, uma horta e gramados impecavelmente aparados. No entanto esse internato idílico esconde uma terrível verdade: todos os "alunos" de Hailsham são clones, produzidos com a única finalidade de servir de peças de reposição.

Assim que atingirem a idade adulta, e depois de cumprido um período como cuidadores, todos terão o mesmo destino - doar seus órgãos até "concluir". Embora à primeira vista pareça pertencer ao terreno da ficção científica, o livro de Ishiguro lança mão desses "doadores", em tudo e por tudo idênticos a nós, para falar da existência. Pela voz ingênua e contida de Kathy, somos conduzidos até o terreno pantanoso da solidão e da desilusão onde, vez por outra, nos sentimos prestes a atolar.

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Livro: Tash e Tolstói
 Autor (a): Kathryn Ormsbee
Editora: Seguinte / Gênero: YA / LGBTQI
Páginas: 376 / Ano: 2017
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        Oi pessoas, tudo bem com vocês? Hoje a resenha que trago é de um livro que logo que saiu fiquei super curiosa pra ler – e que amei tremendamente a capa! Tash e Tolstói, de Kathryn Ormsbee, publicado pela editora Seguinte vai trazer como tema uma situação que até agora não li em nenhum outro livro: a questão da assexualidade. E fiquei com muita vergonha de não saber absolutamente nada sobre esse tema. Fiquei mesmo. Porque a gente acha que conhece as pessoas, pensa que sabe de tudo já nessa vida, mas não, tem sim muita gente diferente e que passa por situações das mais confusas (ainda mais na adolescência) e devemos sempre buscar informações para que estejamos preparados para esse tipo de situação quando ela surgir.


        A nossa personagem principal, a Tash, ela é super fã de Tolstói. Eu nunca li nada desse autor, mas depois de ler esse livro, já marquei vários de Tólstoi para ler, e fiquei com muita vontade de conhecer. Sempre que posso quando leio algum livro que cita um outro autor vou correndo me informar sobre ele. Tash é tão apaixonada por Tolstói que tem um pôster enorme dele no seu quarto, com o qual bate altos papos e confessa vários de seus segredos a ele. Seu amor por um dos livros de Tolstói também impulsionou a criação da webserie Famílias Infelizes, uma adaptação moderna de Anna Keriênina.  Ela e sua melhor amiga Jack fizeram o roteiro e selecionaram atores amadores para a empreitada. De inicio era só um passatempo adolescente, dirigir e criar roteiros sempre foi a praia de Tash. Mas quando da noite pro dia a série bomba na internet (já que uma youtuber famosa resolveu falar que está amando os episódios e acompanhando todos em um dos seus vídeos), Tash começa a perceber o momento glorioso pelo qual todos estão passando: a fama repentina.

        Esse tipo de coisa só acontece uma vez em nossas vidas. Tash repete isso diversas vezes para ela mesma e para todo o elenco. E Tash quer que tudo saia ainda mais perfeito, depois que as visualizações passaram de cinqüenta mil, oitenta mil.

        Foi lindo quando descobriram que de repente várias pessoas estavam comentando sobre a série, falando bem dos personagens e das apresentações, compartilhando noticias, mandando emails, mensagens de fãs aos montes. Mas a gente sabe que na internet nem tudo é sempre um mar de rosas. Logo começam aparecer as criticas não tão legais assim e pessoas que cospem ódio a torto e direito, sem pensar ou refletir se vão machucar alguém com seus comentários maldosos.

Vai ficar tudo bem, Thom responde. Sempre vai ter quem não goste do seu trabalho. É direito deles criticar. E é seu direito continuar fazendo o que acredita. 

        Tash vai contar com a ajuda de Thom para isso, um outro Youtuber que conhece apenas através de trocas de mensagens. Thom é muito famoso na rede também e sabe que é inevitável comentários ruins. Sempre vai haver quem goste e quem não goste do que você faz.

Estou tão imersa em pensamentos que me assusto e solto um gritinho com o barulho de uma mensagem que chega. Pego o celular para ver. É de Thom. "Poste um vídeo hoje. Força aí. Você é ótima". Não consigo me controlar. É possível sorrir com o corpo inteiro? A resposta é sim. 

        Paul, irmão de Jack e também seu melhor amigo, sabe o talento que todos no grupo têm e pede para Tash relaxar e continuar fazendo o que gosta.


        Quando a websérie é indicada ao Tuba Dourada, parece que cai a fixa de todo mundo. Algo realmente grandioso está surgindo ali, e Tash está super empolgada de poder participar de um prêmio tão bacana, que reconhece as melhores webséries amadoras do ano. Nesse evento Tash terá a chance de conhecer Thom, claro se tudo der certo. Porque sua família não tem muito dinheiro, e a viajem para Orlando vai ficar cara. Mas outro problema pode atrapalhar a interatividade dos dois: Tash não sabe como contar a ele que é assexual. Assexual é a pessoa que não sente atração sexual em relação a qualquer pessoa, mas não necessariamente romântica. Tash gosta de estar com garotos, gosta da idéia de namorar garotos, mas não de beijar e fazer sexo. E ela pesquisou muito sobre isso. No começou achou que algo estava errado consigo mesma, mas não. Definitivamente ela não tem vontade nenhuma de fazer sexo. E isso pode ser um tanto confuso para explicar, para um cara como Thom que está mandando mensagens cada vez mais comprometedoras a ela, e ao que tudo indica, que quando estiverem juntos na Tuba Dourada, Thom vai querer chamá-la para sair.

        Será que Thom será compreensivo? Isso você só vai saber se ler o livro ;)

Fico imaginando se é demais pedir para ser teletransportada para outra dimensão, onde isso não seja importante. Porque, presa nesta, penso que minha única possibilidade é ser uma decepção. Uma garota que precisa ser consertada. 

        Esse livro, olha, foi uma surpresa pra mim. Eu realmente estou mega envergonha gente, juro para vocês – eu NÃO SABIA NADA A RESPEITO DISSO! Sobre transexualidade, homossexualidade, a gente ouve falar bastante coisa. Mas sobre uma pessoa não gostar de nada relacionado a sexo, eu nunca tinha ouvido falar. E agora, pensando bem, deve ter muitas pessoas que se encaixam nesse perfil, mas que nunca puderam falar sobre, ou que acham que realmente há algo de muito errado com elas. E como deve ser difícil falar sobre isso. A própria Tash no livro ficou em uma cilada quando foi contar para seus melhores amigos a sua situação enquanto pessoa. Não é fácil falar para alguém que você não gosta de sexo. Mais difícil do que isso é você tentar ter um relacionamento com alguém que goste e que interprete isso como o elixir de um relacionamento. Como um relacionamento assim vai pra frente? É preciso muito amor e cumplicidade de ambos os lados.

        Fora esse assunto, o livro traz muitas situações de conflito em família, o que achei super legal de acompanhar. Há a irmã de Tash, que traz situações que vão implicar no amadurecimento de ambas. Há os pais de Tash que de repente trazem um elemento surpresa à história. Há Paul, um dos melhores amigos de Tash e que está sempre ao seu lado para o que der e vier, mas que está com o pai doente e com câncer, então há clima de tensão em relação a estes problemas também.

        Traz uma mensagem muito bonita sobre amizade e de como realmente estamos tratando quem está a nossa volta, nossos amigos e familiares. Há muito para se refletir nessa leitura. Também gostei de refletir sobre o sucesso da internet, o como é doloroso você precisar ler que algo que você fez com tanto carinho e dedicação, quase sem receber nada em troca, muitas vezes é criticado de uma forma desnecessária. A gente, criadores de conteúdo, acho que tem que pensar sempre muito bem nas coisas que diz. Porque é muito fácil vir aqui e escrever uma crítica. Nossas palavras podem ser encorajadoras ou destruidoras. E algumas são tão baixas e que não vão trazer qualquer crescimento que chegam a ser desumanas. Essa foi uma reflexão bastante bacana para se ter também.



        Achei de forma geral o livro super envolvente e cativante. Trouxe um tema central bastante diferente e informativo. Vale a pena a leitura, vale a pena conhecer mais sobre a assexualidade, e falar sobre ela. Informação é tudo, e quando compartilhada pode ajudar mais pessoas a se encontrarem dentro do próprio corpo, da própria alma. Se descobrir verdadeiramente, como diz a vó de Tash é aterrorilhoso!

A bandeira assexual é essa:
e depois de dar uma olhada na capa do livro, percebi que usaram as mesmas cores para fazer uma alusão.


Também encontrei um site super bacana na internet, que fala mais sobre o assunto, para quem quiser se aprofundar mais:




Sinopse:
Natasha Zelenka é apaixonada por filmes antigos, livros clássicos e pelo escritor russo Liev Tolstói. Tanto que Famílias Infelizes, a websérie que a garota produz no YouTube com Jack, sua melhor amiga, é uma adaptação moderna de Anna Kariênina. Quando o canal viraliza da noite para o dia, a súbita fama rende milhares de seguidores e, para surpresa de todos, uma indicação à Tuba Dourada, o Oscar das webséries. Esse evento é a grande chance de Tash conhecer pessoalmente Thom, um youtuber de quem sempre foi a fim. Agora, só falta criar coragem para contar a ele que é uma assexual romântica ou seja, ela se interessa romanticamente por garotos, mas não sente atração sexual por eles. O que Tash mais gostaria de saber é- o que Tolstói faria?

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Livro: Lady Whistledown Contra-Ataca
 Autor (a): Julia Quinn, Suzanne Enoch, Karen Hawkins, Mia Ryan
Editora: Arqueiro / Gênero: Romance de Época
Páginas: 352 / Ano: 2017
Skoob / Amazon / Submarino

         Olá pessoas! Tudo bem? Vamos de resenha de livro de época? Siim! Porque a gente ama um livro de época! Crush eterno! E dessa vez o livro vai trazer de volta uma personagem que eu AMEI e que teve um papel super engraçado na série da Julia Quinn, os Bridgertons – nossa querida e afiadíssima Lady Whistledown, com sua língua venenosa e olhar atento. É uma delícia quando um autor resolve trazer de volta uma personagem que foi tão querida em uma série que a gente passa a gostar.




       Se você não leu a série dos irmãos Bridgertons, o que ainda não sei porque não fez, porque nossa, é uma série super amorzinho e apaixonante, não fique com medo de arriscar ler este livro, pois você vai entender super bem a história. Na verdade Lady Whistledown é uma colunista, que escreve para o jornal da época, e que adora contar fofocas e destilar suposições muito capciosas.

       O livro foi dividido em quatro histórias, mas elas acontecem no mesmo ambiente e contam com personagens que se entrelaçam no decorrer dos acontecimentos, e foram escritas por quatro autoras diferentes. Quando eu vi a capa desse livro, me apaixonei, foi à primeira vista, pá! e eu estava perdidamente apaixonada de repente. Mas hesitei por um momento, porque achei que quatro histórias num livro só não ia rolar. E eu só conhecia a escrita da Julia Quinn, as outras autoras eu nunca tinha lido nada, então fiquei com medo de me decepcionar. Mas que grande tolinha eu fui! Fui mesmo gente, confesso, porque SUPER rolou as quatro histórias juntas. Foi uma delícia acompanhar o desenrolar da vida de cada personagem, e como as histórias acontecem num mesmo ambiente, parece que você está lendo uma história só, então fica muito confortável acompanhar a leitura.

        O primeiro conto da Julia DIVA Quinn vai nos apresentar Tillie e Peter. Tillie é uma jovem rica, com um dote de dar inveja a qualquer outra concorrente no que diz respeito a ser um bom partido. E por ter tanto dinheiro, não está preocupada em se casar com um homem rico, e sim por amor. Peter voltou da guerra sem nenhum tostão. Sua família sempre viveu no limite e parece que agora a coisa ficou feia de vez, já que quase não tem grana para se sustentar. O seu problema só pode ser resolvido por uma esposa rica, e é exatamente isso que ele está procurando. Mas o amor é um bichinho danado e aparece nos momentos mais inusitados. Talvez o orgulho de ambos também atrapalhe um pouquinho, mas a gente sabe que quando o sentimento é mais forte há sempre um caminho. Eu achei esse conto super docinho, fez o início do livro ficar bem suave e com aquele gosto de quero mais. Os personagens foram bem construídos e achei diferente Peter estar atrás de uma noiva rica, quando geralmente é o contrário que acontece hahaha.

Ela se materializava em seus pensamentos, em seus sonhos. Sorrindo, gargalhando, depois séria, e parecia compreendê-lo, tranqüilizá-lo apenas com sua presença. E Peter queria mais. Queria tudo”.

       O segundo conto (de Mia Ryan) eu gostei bastante, já que traz a criada de Lady Nelly, a doce Isabella como personagem principal. Ela é apenas uma criada, apesar de ser parente distante de Lady Nelly, mas já está com 30 anos e se vê encurralada em uma vida que não sonhou para si. Sempre desejou mais, apesar de ser uma pessoa extremamente feliz. Quando é convidada para organizar uma festa na casa de Lorde Roxbury (já que ela é a melhor organizadora de festas da região) um sentimento estranho começa surgir entre ela e Anthony, o Lorde, que também está com quase 40 anos e ainda não se casou. Esse conto é super gostoso de ler, porque nele além de Isabella ser muito espirituosa e alegre, ela tenta abrir seu próprio negócio. Achei uma história bastante diferente e leve.

Ela afastava o beijo para um canto pequeno do seu cérebro, e ele só saía de lá à noite. Tropeçava em sua cabeça e corria até seu coração, e não a deixava dormir de jeito nenhum”.

       O terceiro conto (de Suzanne Enoch) traz como personagens Charlotte e Xavier, dois jovens impetuosos que começam a se esbarrar de repente em todo o lugar que vão. Xavier não tem uma reputação muito boa. Vive aparecendo nas colunas de Lady Whistledown com uma nova amante a cada dia. E os pais de Charlotte são extremamente rígidos, já que na família uma prima de Chartotte já teve sua cota de escândalo e eles não querem o mesmo destino para a filha. Apesar de Charlotte fazer o tipo comum, desperta o interesse de Xavier, que vai fazer de tudo para convencer os pais de Charlotte de que ele não é aquele cafajeste que a sociedade toda pinta. Gostei bastante dessa história também, foi bastante movimentada, engraçada e intensa.


Lorde Matson continua encontrando resistência a seu interesse pela Srta. Birling. Mas a resistência é por parte da Srta. Birling ou dos pais da jovem dama? A julgar pela elegância de lorde Matson, só pode imaginar que são os Birlings mais velhos que estão se mostrando contrários ao romance. A Srta. Birling é feita de matéria rígida, tenho certeza, mas por certo não tão rígida assim”.

        A última história (de Karen Hawkins e a minha preferida, porque achei ela super diferente), vai narrar o dilema vivido por Lady Sophia e Max, o Visconde de Easterly. Max deixou Sophia há doze anos. Eles se casaram e depois de dois meses ele se envolveu em um escândalo na jogatina e fugiu, para manter imaculada a reputação da esposa. Por doze anos se manteve distante, e Sophia agüentou até agora, mas não pretende mais que seja assim. Ela lhe envia uma carta, lhe contando do desejo da anulação do casamento, já que não existe nada mesmo entre os dois faz tempo. Mas quando Max volta e os dois se encontram, percebem que a chama que existia entre os dois está longe de ter se apagado. Essa quarta história foi muito diferente de tudo o que já li em relação a romances de época, por isso gostei bastante. Ficar tanto tempo longe assim, depois tentar resolver as pendências não é fácil. E foi legal acompanhar o envolvimento dos personagens, a vontade de tentar fazer acontecer novamente. Achei super original.

- Tem inveja de mim? Está louco? Eu estraguei a minha vida!

- Tantas pessoas procuram o amor. Você não só o encontrou, como tem a força para reconquistá-lo.

       Bom, o livro traz além do ambiente em comum um mistério que envolve o desaparecimento de uma pulseira em um jantar na casa de Lady Nelly, onde todos os oito personagens estavam presentes. Esse mistério vai ser revelado somente no finalzinho da ultima história e achei o desfecho ótimo! As quatro autoras souberam entrelaçar as histórias brilhantemente, e nos fizeram acreditar que estávamos lendo uma história só, com vários personagens. A leitura ficou dinâmica e as histórias se desenrolaram mais velozmente, mas isso não atrapalhou em nada, acho que ficou na medida certa. Um ótimo romance de época, para se apaixonar pelos desfechos e pelos suspiros de amor dados por cada amante! 
Sinopse:
Com a participação especial da famosa cronista da sociedade criada por Julia Quinn, Lady Whistledown Contra-Ataca é formado pelas narrativas curtas de quatro escritoras consagradas, tendo como fio condutor o roubo de uma pulseira milionária. Seus contos são como pérolas que se unem e formam uma peça de valor inestimável. 


Quem roubou o bracelete de lady Neeley?


Terá sido o caça-dotes? O apostador? A criada? Ou o libertino? Londres está fervendo com as especulações, mas, se ainda restam muitas dúvidas, pelo menos uma coisa é certa: um desses quatro está envolvido no crime.


Crônicas da sociedade de lady Whistledown, maio de 1816


Julia Quinn encanta...
Um belo caçador de fortunas foi enfeitiçado pela debutante mais desejada da temporada. Agora ele precisa provar que o que deseja é o coração da jovem, não o dote dela. 



Mia Ryan delicia...
Uma criada adorável e espirituosa está deslumbrada com as atenções românticas que tem recebido de um charmoso conde. Mas um relacionamento entre eles seria escandaloso e poderia arruinar a reputação dos dois.



Suzanne Enoch fascina...
Uma jovem inocente que passou a vida evitando escândalos de repente se vê secretamente cortejada pelo maior libertino de Londres.



Karen Hawkins seduz...
Um visconde que vaga sem destino volta para casa para reacender o fogo da paixão de seu casamento, mas descobre que sua linda e decidida esposa não será conquistada tão facilmente.

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Livro: Chronus
 Autor (a): Joana Santos Silva
Editora: Chiado / Gênero: Poesia
Páginas: 119 / Ano: 2017
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        Oi, oi gente! Olha que belezinha, mais um livro que veio direto de Portugal para a minha estante! Siim, porque esse é o segundo livro que leio da querida Joana Santos Silva, também de poesias, publicado pela editora Chiado. O livro Chronus, vai trazer mais reflexões profundas de Joana, e mais uma pitada de poesia aos dias de quem o ler.




        Seguindo a mesma linha de seu outro livro, Oníria, Joana vai nos presentear com poemas do cotidiano. Com poemas suaves na sua grande maioria e que remetem a idéia de tempo e cronologia, Joana vai nos fazer mergulhar em uma sucessão de estrofes delicadas e ternas.

Vejo o mundo colorido lá fora
Solto um suspiro do que é incerto
Vejo o céu de nuvens coberto
Que aos poucos também chora

        Seus poemas beiram o delicado e beijam com lábios suaves o mundo ao redor. Ora Joana é mais firme e direta, ora mais cadente e sonhadora.

É mais fácil descartar
Porque a vida tem pouco tempo
E qualquer contratempo
Não é para desperdiçar


         Sempre fui muito fã de poesia e os dois livros publicados pela Joana estão muito gostosos de ler. Fiquei muita satisfeita com o término deste também, é sempre bom ler um pouco de poesia, para deixar a alma contente e leve! Recomendo a leitura, para quem quiser conhecer um pouco mais dessa portuguesa cheia de vida e de palavras.


Sinopse:
Tempo: ladrão ávido de momentos, que nos torna obsoletos e nos embala até ao derradeiro sono numa contagem decrescente onde só a ele cabe a palavra final, condenando-nos ao esquecimento do que passou e à sofreguidão do que estará para vir. 
Em “Chronus” trata-se o tempo por tu e, a cada virar de página, encontramos histórias de solidão, paixão, saudades, verdades e catarses, numa simbiose perfeita onde não se pretende fazer uma rutura com o tempo mas antes imortalizá-lo através da poesia, erguendo memórias e redescobrindo eternidades, convidando o leitor à reflexão e a uma viagem ao passado para encontrar uma promessa de futuro numa cumplicidade que só o que nos une permite.

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Livro: As perguntas
 Autor (a): Antônio Xerxenesky
Editora: Companhia das Letras / Gênero: Ficção / Drama / Suspense
Páginas: 184 / Ano: 2017
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        Olá pessoas lindas! Como estão? 2018 começou com tudo no quesito leituras pra mim! O primeiro livro que eu li esse ano já foi um LIVRAÇO! Aquele tipo de suspense que eu adoro, com uma pitada de terror. As perguntas, de Antônoi Xerxenexky, publicado pela editora Companhia das Letras, foi aquele tipo de livro que eu li em uma sentada no sofá. Eu simplesmente fui engolida pela história – vidrei! Juro mesmo! Sei lá, eu ficava angustiada a cada virar de página, querendo saber logo o que ia acontecer com a personagem principal.




        Este livro vai misturar: suspense, terror psicológico e drama. Tem como personagem principal Alina, uma mulher de quase 30 anos, formada em história das religiões com uma especialização em tradições ocultistas que se vê frustrada em seu emprego medíocre na cidade de São Paulo como editora de vídeos. O seu emprego dá pra pagar o aluguel e pra mais nada, e Alina ainda não sabe por que continua a insistir nessa vida chata e insossa.
No começo da narrativa, sabemos que quando era mais jovem, Alina via vultos e sombras, que quando compartilhava com os adultos muitas vezes era desacreditada e diziam a mesma que tudo não passava de pesadelos que ela tinha ao dormir. Alina cresceu acreditando nisso, negando essas visões e depois que começou a estudar as religiões ficou ainda mais crente que seria por toda vida uma cética.

No começo era difícil: ela acordava gritando, urros tão desesperados que despertavam os pais e o irmão, eles corriam em direção ao quarto dela imaginando uma tragédia ou no mínimo um acidente sanguinolento e a encontravam na cama, com o torso erguido, as mãos apoiadas no colchão, agarrando com força o lençol, as unhas quase rasgando o tecido, e os gritos iam diminuindo até ela entender o que tinha se passado, até compreender e localizar a linha divisória entre o mundo dos sonhos e a realidade, então ela ficava em silêncio enquanto os pais e o irmão perguntavam “o que foi, o que foi?” e ala respondia com uma voz rouca de quem arranhou as cordas vocais que “foi só um pesadelo”, mas ela sabia que a explicação era simplista, que não valia a pena repetir o que contara aos pais nas primeiras vezes que acordou gritando, isto é, que mesmo depois de acordar, continuava enxergando sombras no quarto [...].

       Durante mais um dia entediante, Alina recebe uma ligação da delegacia perto de seu trabalho, pedindo que se faça presente para uma conversa. Quando uma delegacia pede por sua presença, imediatamente você acata e foi isso que Alina fez. A delegada logo lhe esclarece que foi contada porque um professor indicou Alina para ajudar na investigação (por conta de sua monografia) de uma possível seita que se instalara na cidade, fazendo com que pessoas normais de repente entrassem em surto. Um sujeito estava detido justamente nessas condições – alucinado, desenhando vários triângulos em tudo o que via, inclusive marcando o próprio corpo.

        Alina porém nunca tinha visto aquelas imagens dos triângulos, dispostas daquela forma apresentadas pela delegada - não sabia nada a respeito, então não conseguiu ajudar muito bem a polícia em relação ao pedido. Intrigada, ao voltar a sua mesa de trabalho, começou a pesquisar na internet sobre o que tinha visto e encontrou um site com um email um tanto suspeito para que entrasse em contato. Mandou uma mensagem como quem não quer nada. E foi respondida. Porém o modo como responderam seu email a deixou extremamente alarmada. O pessoal do outro lado havia pesquisado tudo sobre ela, inclusive responderam o email criticando seu trabalho como defesa na monografia. Convidaram Alina para conhecer a seita naquela mesma noite, para que pudesse entender como as coisas realmente funcionavam, ao invés de escrever um trabalho com apenas suposições.


        É lógico que Alina pensou que não iria. Mas sabe aquela pulga atrás da orelha que todo bom curioso tem? Pois é! E os acontecimentos durante a fizeram optar por sim, embarcar nessa de detetive e tentar descobrir por conta própria alguma coisa para a polícia.

        Aí meus amigos, vou deixar por conta de vocês, porque o negócio fica muito louco! Eu adorei a leitura, me instigou muito. Achei um livro muito bem escrito, o autor soube bem trabalhar com os elementos de suspense e terror. Não é um terror sangrento, é muito mais sutil. Passagens que Alina mencionava que sentia uma sombra a seguindo, para mim parecia tão real, que eu fiquei gelada, juro mesmo! E eu li à noite ainda por cima! Hahah, quase não dormi pensando no livro, porque eu comecei e queria terminar no mesmo dia! Mas tinha que trabalhar no outro dia e precisei deixar umas cinqüenta páginas para depois.

        O autor até na divisão do livro foi bastante inteligente: ele o dividiu entre dia e noite, sendo que a narrativa na parte “dia” foi realizada em terceira pessoa, e na parte “noite” foi em primeira, tendo Alina como narradora. O autor empoderou a personagem, como se de dia ela não estivesse sendo a protagonista de sua própria história, e a noite, ao decidir bancar uma de detetive em uma investigação arriscada assumiu o controle de sua vida em busca de respostas para suas perguntas. O que Alina não sabia era é que talvez pergunta nenhuma seria respondida – e que o mundo é muito, mas muito mais perguntas do respostas, sempre.

        O autor brinca a todo momento com o que é real/o que não é. Discute fortemente crenças e idéias e te faz percorrer o mesmo caminho que Alina percorreria: quando a sombra está dentro de nós, quem é capaz de dizer que ela não está? O que é real e o que é crença? Tudo é uma questão de ter fé ou não?

        O final do livro foi abrupto. Fiquei assim: “não pode ser que o livro terminou assim, aqui!”. Eu até gritei – meu marido ficou em choque hahaha. Ele disse: “o que foi” eu berrei: “não acredito que o livro terminou aqui!!!” e voltei algumas páginas pra ver se eu tinha perdido algo. Mas não, realmente terminou oblíquo. Depois fiquei degustando aquilo, olhei o final, olhei pro título do livro e pensei: genial.

        Um livro que recomendo muito, muito! Já comecei bem o ano de 2018. Sabe aquele sabor de leitura boa que você fica quando termina um bom livro? Foi assim que fiquei, uma delícia. Me fez ficar com vontade de ler mais livros assim nesse ano – que te deixam com falta de ar ao virar as páginas. 


Sinopse:
Alina enxerga sombras e vultos desde criança. Doutoranda em história das religiões, especializada em tradições ocultistas e aferrada à racionalidade que tudo ilumina, ela se acostumou a considerar as aparições como simples vestígios de sonhos interrompidos. 

Certo dia, um telefonema da delegacia desarruma sua rotina de tédio programado. A polícia suspeita de que uma seita vem causando uma onda de surtos psicóticos em São Paulo. A única pista disponível é um símbolo geométrico desenhado por uma das vítimas. Intrigada e ansiosa para fugir da rotina, Alina decide investigar por conta própria um mistério que a fará questionar os limites entre razão e religião, cultura e crença. 
Em 'As perguntas', Antonio Xerxenesky costura o tédio da vida cotidiana com o desconforto do horror em um livro repleto de referências ao universo dos filmes, da música e do ocultismo.

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