Autor (a): Antônio Xerxenesky
Editora: Companhia das Letras / Gênero: Ficção / Drama / Suspense
Páginas: 184 / Ano: 2017
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Olá
pessoas lindas! Como estão? 2018 começou com tudo no quesito leituras pra mim!
O primeiro livro que eu li esse ano já foi um LIVRAÇO! Aquele tipo de suspense
que eu adoro, com uma pitada de terror. As perguntas, de Antônoi Xerxenexky,
publicado pela editora Companhia das Letras, foi aquele tipo de livro que eu li
em uma sentada no sofá. Eu simplesmente fui engolida pela história – vidrei!
Juro mesmo! Sei lá, eu ficava angustiada a cada virar de página, querendo saber
logo o que ia acontecer com a personagem principal.
Este
livro vai misturar: suspense, terror psicológico e drama. Tem como personagem
principal Alina, uma mulher de quase 30 anos, formada em história das religiões
com uma especialização em tradições ocultistas que se vê frustrada em seu
emprego medíocre na cidade de São Paulo como editora de vídeos. O seu emprego
dá pra pagar o aluguel e pra mais nada, e Alina ainda não sabe por que continua
a insistir nessa vida chata e insossa.
No
começo da narrativa, sabemos que quando era mais jovem, Alina via vultos e
sombras, que quando compartilhava com os adultos muitas vezes era desacreditada
e diziam a mesma que tudo não passava de pesadelos que ela tinha ao dormir.
Alina cresceu acreditando nisso, negando essas visões e depois que começou a
estudar as religiões ficou ainda mais crente que seria por toda vida uma
cética.
No começo era difícil: ela acordava gritando, urros tão desesperados que despertavam os pais e o irmão, eles corriam em direção ao quarto dela imaginando uma tragédia ou no mínimo um acidente sanguinolento e a encontravam na cama, com o torso erguido, as mãos apoiadas no colchão, agarrando com força o lençol, as unhas quase rasgando o tecido, e os gritos iam diminuindo até ela entender o que tinha se passado, até compreender e localizar a linha divisória entre o mundo dos sonhos e a realidade, então ela ficava em silêncio enquanto os pais e o irmão perguntavam “o que foi, o que foi?” e ala respondia com uma voz rouca de quem arranhou as cordas vocais que “foi só um pesadelo”, mas ela sabia que a explicação era simplista, que não valia a pena repetir o que contara aos pais nas primeiras vezes que acordou gritando, isto é, que mesmo depois de acordar, continuava enxergando sombras no quarto [...].
Durante
mais um dia entediante, Alina recebe uma ligação da delegacia perto de seu
trabalho, pedindo que se faça presente para uma conversa. Quando uma delegacia
pede por sua presença, imediatamente você acata e foi isso que Alina fez. A
delegada logo lhe esclarece que foi contada porque um professor indicou Alina
para ajudar na investigação (por conta de sua monografia) de uma possível seita
que se instalara na cidade, fazendo com que pessoas normais de repente
entrassem em surto. Um sujeito estava detido justamente nessas condições –
alucinado, desenhando vários triângulos em tudo o que via, inclusive marcando o
próprio corpo.
Alina
porém nunca tinha visto aquelas imagens dos triângulos, dispostas daquela forma
apresentadas pela delegada - não sabia nada a respeito, então não conseguiu
ajudar muito bem a polícia em relação ao pedido. Intrigada, ao voltar a sua
mesa de trabalho, começou a pesquisar na internet sobre o que tinha visto e
encontrou um site com um email um tanto suspeito para que entrasse em contato.
Mandou uma mensagem como quem não quer nada. E foi respondida. Porém o modo
como responderam seu email a deixou extremamente alarmada. O pessoal do outro
lado havia pesquisado tudo sobre ela, inclusive responderam o email criticando
seu trabalho como defesa na monografia. Convidaram Alina para conhecer a seita
naquela mesma noite, para que pudesse entender como as coisas realmente
funcionavam, ao invés de escrever um trabalho com apenas suposições.
É
lógico que Alina pensou que não iria. Mas sabe aquela pulga atrás da orelha que
todo bom curioso tem? Pois é! E os acontecimentos durante a fizeram optar por
sim, embarcar nessa de detetive e tentar descobrir por conta própria alguma
coisa para a polícia.
Aí
meus amigos, vou deixar por conta de vocês, porque o negócio fica muito louco! Eu
adorei a leitura, me instigou muito. Achei um livro muito bem escrito, o autor
soube bem trabalhar com os elementos de suspense e terror. Não é um terror
sangrento, é muito mais sutil. Passagens que Alina mencionava que sentia uma
sombra a seguindo, para mim parecia tão real, que eu fiquei gelada, juro mesmo!
E eu li à noite ainda por cima! Hahah, quase não dormi pensando no livro,
porque eu comecei e queria terminar no mesmo dia! Mas tinha que trabalhar no
outro dia e precisei deixar umas cinqüenta páginas para depois.
O
autor até na divisão do livro foi bastante inteligente: ele o dividiu entre dia
e noite, sendo que a narrativa na parte “dia” foi realizada em terceira pessoa,
e na parte “noite” foi em primeira, tendo Alina como narradora. O autor
empoderou a personagem, como se de dia ela não estivesse sendo a protagonista
de sua própria história, e a noite, ao decidir bancar uma de detetive em uma
investigação arriscada assumiu o controle de sua vida em busca de respostas
para suas perguntas. O que Alina não sabia era é que talvez pergunta nenhuma
seria respondida – e que o mundo é muito, mas muito mais perguntas do respostas,
sempre.
O
autor brinca a todo momento com o que é real/o que não é. Discute fortemente
crenças e idéias e te faz percorrer o mesmo caminho que Alina percorreria:
quando a sombra está dentro de nós, quem é capaz de dizer que ela não está? O
que é real e o que é crença? Tudo é uma questão de ter fé ou não?
O
final do livro foi abrupto. Fiquei assim: “não pode ser que o livro terminou
assim, aqui!”. Eu até gritei – meu marido ficou em choque hahaha. Ele disse: “o
que foi” eu berrei: “não acredito que o livro terminou aqui!!!” e voltei
algumas páginas pra ver se eu tinha perdido algo. Mas não, realmente terminou
oblíquo. Depois fiquei degustando aquilo, olhei o final, olhei pro título do livro e pensei: genial.
Um
livro que recomendo muito, muito! Já comecei bem o ano de 2018. Sabe aquele
sabor de leitura boa que você fica quando termina um bom livro? Foi assim que
fiquei, uma delícia. Me fez ficar com vontade de ler mais livros assim nesse
ano – que te deixam com falta de ar ao virar as páginas.
Sinopse:
Alina enxerga sombras e vultos desde criança. Doutoranda em história das religiões, especializada em tradições ocultistas e aferrada à racionalidade que tudo ilumina, ela se acostumou a considerar as aparições como simples vestígios de sonhos interrompidos.
Certo dia, um telefonema da delegacia desarruma sua rotina de tédio programado. A polícia suspeita de que uma seita vem causando uma onda de surtos psicóticos em São Paulo. A única pista disponível é um símbolo geométrico desenhado por uma das vítimas. Intrigada e ansiosa para fugir da rotina, Alina decide investigar por conta própria um mistério que a fará questionar os limites entre razão e religião, cultura e crença.
Em 'As perguntas', Antonio Xerxenesky costura o tédio da vida cotidiana com o desconforto do horror em um livro repleto de referências ao universo dos filmes, da música e do ocultismo.